Depois da longa e penosa jorna de caminhada até à Vila de Óbidos, todos os populares e caminhantes que de longe vêm se juntam às portas da muralha para comer, beber, jogar e comprar os víveres necessários à sua sobrevivência. Digamos que este mercado tem tudo…menos bons costumes.
No meio do frenesim de pregões que ecoam nas paredes das casas e nas tendas dos mercadores, ouve-se ao longe as súplicas do Bispo, que debaixo do seu vistoso pálio que o protege do sol abrasador de julho, vai abençoando todos os fiéis que reverentemente lhe fazem a vénia.
Por entre o mercado da lã, onde a ovelha tem o seu destino traçado desde o aproveitamento do leite e da lã em finos fios, até à curtição das peles, jovens, na força da idade e da pujança física, perdem-se nos jogos e nas danças, que com vinho regam, e os fazem protagonistas de caricatas tramas.
Há fervor na liça onde se festeja com as Justas em honra de S. Sebastião e os Cavaleiros se apresentam com os seus séquitos para animar as hostes.
A vida na Idade Média, tal como hoje, é propícia ao surgimento de conflitos até dentro de uma comunidade de índole religiosa. Desde as zaragatas entre cavaleiros, bem como as fornicações pecaminosas que tanto embaraço traziam: a dualidade entre a moral e a religião fazia parte do dia a dia destes homens.
Mercado Medieval de Óbidos – uma experiência na Idade Média entre as devoções e festejos das gentes, pelos caminhos da redenção ou do pecado.