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TEMA

PEDRO E INEZ

Neste ano da Graça, a Vila das Rainhas receberá, nas suas vetustas muralhas, aquela que nunca foi a nossa Rainha. A donzela que jamais pôde chamar a Óbidos “a sua mui nobre e leal casa”. Permanecerá entre nós, apenas como um belo e perdido pássaro em busca de um ninho de conforto e segurança, que não está entre as nossas gentes e muito menos nestas muralhas. A esta mulher, a sorte só lhe granjeou duas vitórias: os braços do Príncipe Pedro como seu lar, e o amor que os une, como verdadeiro trono de esperança para Portugal.
A mulher capaz de roubar o coração de um príncipe e a alma de todo um Reino. Aquela que foi amada, chorada, recordada nas trovas e imortalizada nos poemas que selam para a eternidade um amor proibido.
Vivem-se tempos de conflito, de guerra, de pestilência e de fome, mas o ardor de Portugal grita mais alto por aquela que só foi Rainha depois de morta.
Este tempo nunca deixará de ser o nosso tempo. Esta é a História de amor que vence a própria morte!
Porque o Amor jamais terminará.

por ti Inez, até ao fim do mundo

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Tema

AMOR ENTRE D. PEDRO E INÊS DE CASTRO 1340|1360

O enlace de D. Pedro, Infante de Portugal, e de Dona Inês de Castro, nobre senhora de linhagem galega, é contado entre os mais notáveis feitos de amor que a História deste Reino conserva. Esta paixão foi entrelaçada com o fio da política e do destino e fez estremecer a corte régia nos meados do século XIV.
Estando o Infante casado com Dona Constança Manuel, por volta do ano de Nosso Senhor de mil trezentos e quarenta, veio Dona Inês à corte em serviço como aia da princesa. Mal a viu, o Infante se prendeu de sua fermosura, gentileza e graça, nascendo entre ambos um amor tão vivo quanto perigoso.
Tanto se manifestava tal afeição, que grande temor gerou entre os fidalgos e conselheiros do Rei D. Afonso, pois que Dona Inês era de sangue castelhano e seus irmãos poderosos senhores da Galiza. Por ordem régia foi a dama lançada em desterro, até à morte de Dona Constança.
Liberto do jugo matrimonial, o Infante buscou unir-se a Dona Inês como esposa verdadeira, e dela teve filhos, firmando um enlace que muitos julgavam ameaça à soberania do Reino.
Temendo conjuras e alianças perigosas, D. Afonso IV, movido por razões de Estado, deu cruel sentença: que fosse a senhora D. Inês passada ao fio da espada nos jardins da Quinta onde morava, em Coimbra — pensou o monarca que, com tal sangue derramado, cessaria o escândalo e se apagaria o amor.
Mas D. Pedro, príncipe de ânimo ardente e de coração fiel, não perdoou. Ergueu-se em armas contra seu próprio pai, e depois da morte deste e sua subida ao trono, não cessou até vingar a bem-amada. Fez justiça com própria mão aos matadores, e buscou dar honra à memória de Dona Inês.
Conta-se por tradição que mandou exumar o corpo da Rainha morta, e perante toda a corte, a sentou no trono, impondo que lhe beijassem a mão, como a legítima soberana que fora em vida e em morte.
Eis aqui uma história que o tempo não ousou sepultar, por ser feita de amor tão verdadeiro que nem a morte logrou vencer. Assim se guardou nos cantares, nas lendas e nas crónicas: o triste fado de D. Inês de Castro, a Rainha coroada depois da morte.

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Mercado

BURBURINHO E FOLGUEDO NAS TABERNAS DO MERCADO MEDIEVAL

Por estas terras e tempos, a vida no reino é dura e incerta, marcada por disputas e paixões que inflamam corações e coroas. Mas quando chega o tempo de festa, tudo se transforma: o mercado ressoa com música, danças, e espetáculos que maravilham o povo. Os habitantes rejubilam, erguem os seus copos em brinde, enquanto jograis e saltimbancos espalham alegria e encantamento pelas ruas.
O mercado fervilha num turbilhão de cores, aromas e sons que despertam todos os sentidos: o aroma pungente das especiarias que chegam de longe mistura-se ao cheiro das carnes assadas ao fogo aberto; os tecidos finos e brocados, trazidos de terras distantes, esvoaçam ao vento; o brilho do aço das armas e ornamentos reluz sob o sol poente, enquanto o burburinho dos regatões, as melodias dos trovadores e o rumor dos guerreiros criam uma sinfonia única.
As mesas fartas refletem a generosidade da ocasião — fartas de carnes suculentas, peixes frescos, pães rústicos e entremezes variados. Os copos jorram cerveja e vinho, enchendo-se e transbordando, enquanto olhos ávidos se deliciam e bocas sedentas saciam a fome que os alimenta para que a festa dure até o romper do dia.
Assim é o mercado — um refúgio onde, mesmo em tempos de angústia e luta, o povo encontra força, alegria e união. Onde histórias de amores impossíveis, como a de D. Pedro e Dona Inês, se entrelaçam com a vivacidade das ruas e o pulsar de um tempo onde paixão e destino se cruzam na grande tapeçaria da vida medieval.

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ABADIA DAS LÁGRIMAS

Um amor nascido à revelia traz consigo as lágrimas da ausência e da saudade, que se tornam mais profundas na hora da desdita. Por não ser do agrado do senhor do Reino, por sua origem ser de fação adversa, e pelo poder que este Colo de Garça exercia sobre o coração do seu amado, viu D. Inês consumar o seu destino cedo demais. Ergueu-se esta abadia para que as preces que nela se elevam concedam à sua alma repouso eterno. Porém, a força inexorável do tempo e a incúria daqueles que a deveriam preservar transformaram este santuário, entregando-o a outros fins.
Neste sagrado retiro, cujo apenas as paredes resistem, reúnem-se bandos de jograis e farsantes para perturbar a paz das devotas e trazer desassossego ao local. A presença indesejada destes intrusos desafia a serenidade do convento, com músicas, teatros e outros artifícios, e põe os crentes em alvoroço, despertando os espíritos mais afoitos para gargalhadas e outros deboches.

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Mercado

JULGAMENTO

Sobre o ódio que a matou,
fui o amor que a adorou.
Cada lágrima chorada,
lembra uma estrela tombada,
no fundo do teu olhar.
Orvalhado de pranto,
Quem não choraria,
Ao ver esta crua invídia
Rasgando o meu coração?
Uma longa e fria espada,
Nessa hora atribulada
O meu coração feria.
Sem poder em tal momento
Conter as fúrias do vento
E o ódio pela destruição!
Só espero que quando a minha morte chegar,
Que eu possa ir repousar
Á tua sombra bendita.

Este poderia facilmente ser o lamento d’el rei perante a morte da sua amada Inês. Mas mais do que chorar, havia que vingar o seu cruel assassinato. Dom Pedro percorre cada milha do reino em busca de justiça. Aplica-a ferozmente e sem olhar a meios. Lutou toda a vida para apaziguar uma dor que em vez de diminuir, devorava-lhe as entranhas.
Por isso mesmo, Dom Pedro arrancou os corações dos carrascos de Dona Inês. Por isso mesmo, Dom Pedro obrigou todo o reino a prestar vassalagem à mão putrefacta daquela que só será rainha depois de morta.
E assim se cumpre a terrível profecia como um juízo final: No dia em que eu, Pedro, for Rei; Tu Inês, serás a minha Rainha!

por ti, irei até ao fim do mundo

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Mercado

ARRAIAL, ARRAIAL, PELO PRÍNCIPE DE PORTUGAL!

Vivendo o príncipe Pedro o seu amor proibido com a bela Inês de Castro, à revelia d’el rei, os jovens enamorados vão calcorreando todos os recantos do Reino à procura de refúgio e paz. E é na mui nobre vila de Óbidos que encontram a receção calorosa de todos aqueles que não acreditam nas imposições da Corte, mas sim no amor puro e verdadeiro capaz de unir duas almas e dois corações para toda a eternidade.
Os sempre leais Obidenses não farão por menos: recebem o casal real com saltimbancos, com danças, com o compasso marcado pelos bombos que a todos lembra que aqui serão sempre bem-vindos. Arraial, Arraial, pelo príncipe de Portugal!
Estas muralhas não guardam apenas tesouros. Guardam memórias de vidas, de amores e de esperança.

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PELO REI E PELA GREI! - CORTEJO NOTURNO

Os anos passam mas a ferida não cura: o coração de Pedro sangra
ininterruptamente pela perda da doce Inês.
O que resta após a morte? Que caminhos devemos percorrer quando tudo parece perdido? Que justiça podemos fazer, quando parte de nós desvanece após a perda eterna?
“Por ti, Inês, até ao fim do mundo”. Este é o grito de libertação de uma alma que
sofre.
Mas é também a promessa que el-rei cumprirá com desvelo. Este será o caminho final do féretro de Inês até à sepultura. Um último caminho, que antes havia sido feito com sorrisos, de mãos dadas e com sonhos para o futuro, agora não passa de um lúgubre percurso sombrio e sinistro até ao fim de todas as coisas.

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A FERRO E FOGO - TORNEIO

D. Teresa, dama da corte, foi acusada de ser amante de D. Pedro e esta, para defender a sua inocência, convoca a ajuda de fiéis cavaleiros e homens de armas. O acusador, um frade, afirma a verdade da acusação e consegue o apoio de outros tantos cavaleiros e homens de armas. O torneio decorre sempre com o objectivo de evidenciar a verdade deste conflito, sendo o Mestre de Liça o garante do cumprimento de regras e do ajuizamento das provas e combates.

No final, apurada a verdade, a personagem derrotada é castigada com uma humilhação pública e os cavaleiros e homens de armas vencedores aclamados como paladinos da justiça.

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PRAÇA DOS DESEJOS

Na praça onde os desejos se matam, ergue-se a festa em júbilo e clamor. Os convivas entoam arras à nova Rainha, rogando que seu clamor alcance o ouvido do senhor Rei, para que dele venha a clemência que anuncie novos tempos. É tempo de saciar apetites, de celebrar em folguedos, risos e danças, onde a alma se liberta e a esperança renasce.
A água corre na Fonte dos Amores onde os enamorados trocam promessas eternas, sussurros de amor ardente e votos selados pelo murmúrio das águas, que guardam segredos e bênçãos para os corações ardentes.
Por estes caminhos, os amantes selaram as suas intenções e entrelaçaram os fios da paixão, prometendo permanecer unidos pela eternidade.

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ALQUIMIAS

No âmago do burgo de Óbidos, onde o tempo se curva às artes antigas, erguem-se as Alquimias — oficina velada onde mestres do oculto manipulam essências, vapores e elixires. Aqui, o vulgo é chamado a provar estranhas poções, infusões fumegantes e líquidos de cor encantada, nascidos do saber hermético.
Não é só ouro que se busca, mas a transmutação do espírito por via do sabor e do mistério. Cada gole é feitiço, cada aroma um enigma. Entre frascos e caldeirões, ciência e magia entrelaçam-se em arte viva.
Aproximai-vos, se tendes ousadia na alma e sede de maravilhas.

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ESCRIBA D'EL REY

O domínio da escrita foi o garante da satisfação da ambição de preservar a memória deixando para os vindouros o relato dos acontecimentos e para passar a letra leis e normas a mando do rei, dos grandes ou dos homens de Deus.
Não era tarefa para qualquer. Exigia conhecimento da escrita, habilidade de mãos e cousas próprias da arte da escrita. Treinado muitas vezes em conventos e mosteiros ou aprendendo de sábios mestres, o escrivão era quem se dedicava ao registo de textos, dados numéricos e à redação de leis e escrituras, e não se afigurava tarefa fácil. Tantas vezes tinha de assumir as funções de secretário, contador ou copista e sempre com a preocupação de manter os documentos bem guardados e o sigilo sobre tantas cousas.

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Mercado

MERCADORES, ARTESÃOS E REGATÕES

Em dias de festa, Óbidos é o lugar eminente para se fazerem as transações de mercadorias e serviços. É o sítio onde os dias e as noites não têm fim. Logo que o sol desponta, começa um alvoroço de pregões que reverberam pelas muralhas da Vila, acordando o povo. Os mercadores que ali pernoitaram para assegurar o melhor lugar de venda disputam espaços para a venda para que as vendas no mercado d’El-Rei sejam abastadas.

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