A Mulher na Idade Média
2017

A ligação da Vila com as mulheres é longa, repleta de lendas e histórias de princesas mouras e cristãs, rainhas, artistas e mulheres comuns que deixaram um legado interessante e uma aura que se sente no burgo. No Mercado Medieval de Óbidos de 2017 acercámos a condição feminina em tempos da Idade Média.

Ser mulher na sociedade medieval
A sociedade medieval é reconhecida como patriarcal e guerreira. Valorizava de forma desmedida a força e a coragem física, a audácia, o valor militar, isto é, os atributos considerados tipicamente masculinos e, por isso, subalternizava todos os que com eles se não compendiavam e que, supostamente, eram apanágio das mulheres.
Os homens medievais desconheciam a mulher e, como tal, temiam-na: o seu corpo e as suas reações, tantas vezes incompreensíveis, a sua apregoada malignidade e o seu poder de sedução. Mas dependiam dela para perpetuar as suas linhagens, que se queriam continuadas, sempre, no masculino. Infelizmente para eles, não havia meio de saber, com certeza, se o novo ser que chegava a casa era, efetivamente, filho daquele que todos consideravam seu pai. Na verdade, é elementar que o único laço parental óbvio é o feminino.
Por outro lado, na sociedade medieval muitos homens eram celibatários, entre clérigos seculares, monges ou freires guerreiros. Para toda esta masculinidade compulsivamente arredada do casamento, a mulher só podia constituir uma tentação muito forte que, consoante os casos, as situações e os temperamentos, urgia alcançar ou esconjurar.
A certeza da malignidade das mulheres foi fazendo caminho nas mentalidades, criando raízes fundas e duradoiras por toda a parte. Pensadores da antiguidade e medievais contribuíram com variadas teorias para esta certeza da condição feminina, contribuindo para alicerçar e afirmar a submissão da mulher medieval.
São muito comuns as citações de fragmentos de Aristóteles, São Paulo, Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, juntando-se-lhes a ideia judaica criada em torno da primeira mulher: Eva. Eva passa a projetar a sua faceta de pecadora sobre a existência feminina, embora ela tenha sido criada a partir do homem – e por isto seja parte integral da essência humana – ela representa a sua parte vulnerável, ela é a responsável pela perda do Paraíso.
Só havia uma maneira de agir: submetê-las, controlá-las, cercear-lhes, tanto quanto possível, qualquer poder de iniciativa.

“Graças ao Mercado Medieval de Óbidos, existem já bastantes grupos locais”
Na edição de 2017, foi possível assistir a diversos espetáculos, animação e, naturalmente, a um grande menu gastronómico, preparado pelas coletividades do concelho de Óbidos.
Segundo o administrador da empresa municipal Óbidos Criativa, organizadora do evento, “foram contratados, para a edição deste ano do Mercado Medieval de Óbidos, perto de 30 grupos de animação nas áreas de música, teatro, dança, torneios e recriação histórica”. Ricardo Ribeiro explica que estes grupos vêm “de todo o País, mas, graças ao Mercado Medieval de Óbidos, existem já bastantes grupos locais, como os Gadilus, os Goliardos, os Toupeyros Medievos (Associação Josefa d’Óbidos), as Danças Antigas Josefa d’Óbidos, o Coro Alma Nova e o projeto Anatomia da Identidade”.
Este ano houve uma maior aposta nos grupos de teatro em palco e na deambulação pelo recinto do Mercado Medieval de Óbidos e também um maior preenchimento do horário da animação. “Há a destacar ainda, para a edição deste ano, a realização de uma performance intitulada ‘O Rapto da Rainha’, que acontecerá todos os domingos, e que contará com a participação de grupos amadores locais de teatro do concelho de Óbidos”, revelou o responsável, acrescentando que houve ainda, e dado o tema do Mercado Medieval desse ano, duelos femininos nos torneios que se realizavam no decorrer do evento.
Do concelho de Óbidos estiveram presentes no Mercado Medieval, ao todo, 16 tabernas, 2 tascos, 1 associação como mercador, 2 grupos de recriação histórica e 1 grupo de animação. Quanto a artesãos e comerciantes, a organização afirmou que eram cerca de 50 mercadores/artesãos, locais e estrangeiros.

Fontes
A Mulher em Portugal, Alguns Aspetos do Evoluir da Situaçao Feminina na Legislaçao Nacional e Comunitaria, Volume I, Direçao Geral da Segurança Social, 2014
Contarato, Thiago S Reis, “Homem” e “Mulher” numa Visao Tradicional segundo Tomas de Aquino, Numen: Revista de Estudos e Pesquisa da Religiao, 2016
Press Release Gabinete de Comunicação e Imagem Município de Óbidos – 14 Julho 2017

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