Abriram-se os Portões

Desde logo percebi que o caminho se faz através da rua Direita. Esta rua faz a ligação entre a Porta da Vila, a Sul, e a Cerca, a Norte. A decoração da rua sugere-me que a siga, acompanhado por habitações vernáculas de dois ou três pisos. O caminho faz-se sempre pela sombra até chegar à praça principal. Sou recebido por um pelourinho e pela Igreja de Santa Maria, onde o riso das crianças ecoa em brincadeiras de pequenos guerreiros. É o acampamento dos Infantes e Petizes.

Ao longe chegam ressonâncias de instrumentos musicais de sonoridade que lembra outras épocas. Esforço a minha audição para tentar perceber se me dirijo ao sítio certo. O tumulto não me deixa perceber com clareza de onde vem a música, então sigo acompanhado por mais viajantes que, certamente, também procuram descobrir a origem destes sons.

No último trecho as habitações foram substituídas por muros, que me acompanham e que me dizem que estou a chegar ao meu destino. Deparo-me com uma Igreja, que mais tarde descobri ser a Igreja de São Tiago, contida entre dois torreões, que outrora serviam como método defensivo da vila.

A música intensifica-se e parece-me vir de um dos torreões. Sou surpreendido pelos portões a abrir e encontro, no seu interior, um mercado como nunca vi: o Mercado Medieval de Óbidos.

Atravesso um pequeno largo onde vejo homens a curtir pele de animais, a aproveitarem o leite das ovelhas que têm consigo e a tecer a lã. Ao fundo, mesmo antes de chegar à porta da muralha, encontro pessoas a dançar ao som dos ritmos e das sonoridades inebriantes de um grupo. Passo o arco e deparo-me com uma enorme festança.

Mercadores e compradores a regatear tecidos vindos de terras distantes, brocados traficados e metais bélicos. Populares a comer pratos fartos de carnes e pães, a beber copos que transbordavam de vinho e cerveja. O ar enchia-se de música, fumo e folia… É incrível! É mais do que imaginei.

22 de Julho de 2022
Jeromelo

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