Era apenas mais um dia, igual a todos os outros. Passeava pelas mesmas ruas, cruzando o caminho com as mesmas pessoas. O destino final era também o mesmo: o pequeno café da esquina, perto de minha casa, era discreto, mas eu conseguia observar o mundo ao meu redor.
Naquela tarde, sentia-se o ar de Primavera, ouviam-se os pássaros juntamente com o burburinho das pessoas que estavam sentadas ao meu lado na esplanada. Parecia tudo igual a tantos outros dias. Um grupo de amigos vinha em direção ao café e sentaram-se perto de mim. Enquanto ouvia as andorinhas, ouvi-os também a relembrar memórias de Verões passados e a alusão a uma pequena vila dentro de umas muralhas, onde tinham estado há uns anos, num Mercado Medieval.
Óbidos, assim era o nome da pequena cidadela pitoresca, localizada junto ao mar, com uma lagoa a banhar as suas terras e com o rio Arnóia a contorná-la. As muralhas fortificadas pelos muçulmanos, de acordo com a conversa, eram imponentes e protegiam o labirinto de ruas e casas brancas por onde tinham andado a explorar.
Nos recantos da vila encontraram presenças do Gótico, do Renascimento e até do Barroco. Uma verdadeira obra de arte, segundo um deles, que se mantém edificada. Apesar de todas as intervenções arquitetónicas que terá sofrido ao longo dos séculos, preservou as suas características medievais, o que tornou a experiência deles no Mercado Medieval algo único.
Ouvi tudo até ao fim. Foram apenas palavras, mas deixaram-me curioso e suscitaram em mim a vontade de fazer a mala e ir até lá presenciar tudo isto com os meus próprios olhos.
23 de julho de 2022
Jeromelo